Título: Sobre as eleições: Organizar-se
Data: Abril de 2015
Fonte: Adquirido em 30/06/2019 de http://enlacezapatista.ezln.org.mx/2015/05/27/sobre-as-eleicoes-organizar-se-subcomandante-insurgente-moises/

Abril de 2015.

A@s compas da Sexta:

A@s que estão lendo porque lhes interesse, ainda que não sejam, da Sexta:

Nesses dias, como em cada um dos que têm essa coisa que chamam «processo eleitoral», escutamos e vemos que dizem que o EZLN convoca à abstenção, ou seja, que o EZLN diz que não se tem que votar. Dizem essas e outras bobagens, pois de fato têm a cabeça grande, pois não estudam sequer a história, nem sequer procuram. E isso que até escrevem livros de História e biografias, e cobram por esses livros. Ou seja, cobram para dizer mentiras. Como os políticos.

Claro que vocês sabem que não nos interessam essas coisas que fazem os de cima para tentar convencer os de baixo de que os levam em consideração.

Como zapatistas que somos, não convocamos a não votar nem tampouco a votar. Como zapatistas que somos, o que fazemos, cada um que pode, é dizer às pessoas que se organizem para resistir, para lutar, para ter o que necessitam.

Nós, como muit@s mais nos povos originários dessas terras, já sabemos os modos dos partidos políticos, e é uma má história de más pessoas.

Uma história que para nós, zapatistas que somos, já é história passada.

Creio que foi o falecido Tata Juan Chávez Alonso que disse que os partidos partem os povos, os dividem, os fazem enfrentar-se, os fazem brigar entre os próprios familiares.

E é isso que vemos, de tempo em tempo, nessas terras.

Vocês sabem que em várias comunidades nas quais estamos, há pessoas que não são zapatistas, e que estão assim, sem se organizar, vivendo mal e esperando que o mau-governo lhes vá dar sua esmola para tirar fotos mostrando como o governo é bom.

Então vemos que, sempre que há eleições, uns se vestem de vermelho, outros de azul, outros de verde, outros de amarelo, outros descoloridos, e assim. E brigam entre eles, às vezes até brigam entre familiares. Por que brigam? É para ver quem vai lhes mandar, a quem vão obedecer, quem vai lhes dar ordens. E pensam que caso ganhe tal cor, os que apoiaram essa cor vão receber mais esmolas. E então vemos que acham que são muito conscientes e decididos por ser partidistas, e às vezes até se matam entre si por uma pinche cor. Porque é o mesmo que já manda que quer o cargo: às vezes se veste de vermelho, ou de azul, ou de verde, ou de amarelo, ou veste uma nova cor. E dizem que são do povo e que temos que apoiá-los. Mas não são do povo: são os mesmos governos que um dia são deputados locais, no outro são síndicos, no outro são funcionários do partido, e agora já são presidentes municipais, e ficam assim, brincando de um cargo ao outro, e também brincando de uma cor à outra. São os mesmos, os mesmos sobrenomes, são os familiares, os filhos, os netos, os tios, os sobrinhos, os parentes, os cunhados, os namorados, os amantes, os amigos dos mesmos cabrones e cabras de sempre. E sempre dizem as mesmas coisas: dizem que vão salvar o povo, que agora sim vão se comportar bem, que já não vão roubar tanto, que vão ajudar os jodidos, que vão tirá-los da pobreza.

Bueno, então gastam seu dinheirinhos, que certamente não é seu, mas sim tirado dos impostos. Mas essas cabras e cabritos não gastam essa grana para ajudar ou apoiar os jodidos. Não. Gastam para colocar seus letreiros e suas fotos nas propagandas eleitorais, nos anúncios das rádios e televisões comerciais, em seus jornais e revistas pagos, até no cinema aparecem.

Bueno, pois os que nas comunidades são muito partidistas nas épocas eleitorais, e muito conscientes da cor que têm, quando já sabem quem ganhou, todos deixam essa cor, porque pensam que assim lhes vão dar seu presentinho.

Por exemplo, que agora vão lhes dar sua televisão. Bueno, como zapatistas que somos nós dizemos que estão lhes dando um cesto de lixo, porque através dessa televisão vão lhes mandar um montão de lixo.

Mas se antes lhes davam ou não lhes davam, agora já não lhes dão, nem vão dar.

Se antes lhes davam, era para torná-los vadios. Até se esquecem de como se trabalha na terra. Estão aí, nomás, esperando que chegue a verba do governo para gastá-la em bebida. E estão aí em suas casas, zombando-nos porque nós vamos suar no plantio, e eles apenas estão esperando que regresse sua mulher, sua filha, a quem mandaram buscar a despensa, o apoio do governo.

Ficam assim, até que não chega. Não lhes avisam, não sai nos meios pagos, ninguém vem lhes dizer que são seus salvadores. Simplesmente já não há apoio. E esse irmão, irmã, se dá conta de que já não tem nada, que não tem para o trago, nem tampouco para o milho, feijão, sabão, cuecas. E então, pois, tem que voltar ao campo que está abandonado, tão alto que mal se pode caminhar. E como já se esqueceu como se trabalha, logo as mão se enchem de bolhas e já nem consegue segurar o machete. Virou um inútil que só vive de esmolas, e não de trabalho.

E isso já está acontecendo. Não sai nas notícias dos maus-governos. Ao contrário, sai que sim, que existem muitos apoios. Mas já não chega nos povos. Onde vai parar o dinheiro que o mau-governo diz que está dando na campanha de esmolas contra a fome? Bueno, pois sabemos que lá em cima já lhes disseram que vai ter menos dinheiro, ou que não vai ter nenhum mesmo. Vocês acham que se o campesino que já está acostumado com as esmolas se esqueceu de trabalhar, o de cima que lhe dava o apoio trabalha? Pois não, esse de cima também está acostumado a receber de graça. Não sabe viver trabalhando honradamente: só sabe viver tendo cargos no governo.

Bueno, acontece que como já há menos dinheiro, já não chega nada. Tudo vai ficando lá em cima. Um pedaço vai para o governador, outro para o juiz, outro para o policial, outro para o deputado, outro para o presidente municipal, outro para o síndico, outro para o líder camponês, e aí para a família do partidista já não chega nada.

Mas antes sim, chegava, mas já não chega. «Que aconteceu?», pergunta o partidista. E pensa que é porque essa cor já não serve, e experimenta outra cor. Mas fica igual. Em suas assembleias, os partidistas ficam incomodados, gritam, acusam-se entre si, se chamam de traidores, vendidos, corruptos. E sim, os que gritam e os gritados são traidores, vendidos e corruptos.

E então, aqueles que são chamados de «base» dos partidistas, se desesperam, se angustiam, sentem pena de si mesmos. Já não há a zombaria, porque em nossas casas zapatistas temos milho, feijão, verduras, temos algum para pagar os remédios, as roupas. E do trabalho coletivo tiramos para apoiar-nos entre nós quando temos alguma necessidade. Temos a escola, temos a clínica. Não é porque o governo vem nos ajudar. É que somos nós mesmos que nos ajudamos entre companheiros zapatistas e com companheiras da Sexta.

Então chega o irmão partidista, todo triste, e nos pergunta o que fazer, pois está cabrón.

Bueno, saibam o que lhe respondemos:

Não lhe dizemos para que mude de um partido para o outro que agora é o menos pior.

Não lhe dizemos que vote.

Tampouco lhe dizemos que não vote.

Não lhe dizemos para que vire zapatista, porque bem sabemos, por nossa história, que não é qualquer um que tem a força de coração para ser zapatista.

Não zombamos dele.

Simplesmente lhe dizemos que se organize.

«E então, o que faço?», nos pergunta.

E então lhe dizemos: «aí tu mesmo vais ver o que fazer, o que vier ao teu coração, à tua cabeça, e não aquilo que outro veio a dizer-te para fazer».

E nos diz: «é que está muito cabrona a situação».

E nós não lhe dizemos mentiras, não lhe despejamos grandes lições, nem discursos. Nós somente lhe dizemos a verdade:

«Vai ficar pior».

-*-

Sabemos que é assim que acontece.

Mas também, como zapatistas, temos clareza de que ainda há pessoas que, em outras partes da cidade e do campo, caem nessa dos partidistas.

E parece muito atraente isso dos partidos, porque aí se ganha dinheiro sem trabalhar, sem estar em chinga para ganhar uns centavos e ter algo digno para comer, vestir, se curar.

E pois, o que fazem os de cima é enganar as pessoas. Esse é seu trabalho, disso vivem.

E vemos, pois, que há pessoas que acreditam, que sim, que agora a situação vai melhorar, que esse dirigente sim vai resolver o problema, que vai se comportar bem, que não vai roubar muito, só vai fazer alguma transação, mas há que provar.

Então nós dizemos que são pedaços de pequenas histórias que têm que acontecer. Que mesmo em seu olho têm que se dar conta de que não é alguém que vai resolver o problema, mas sim nós que temos que resolvê-lo por nós mesmos, mesmas, como coletivos organizados.

As soluções são feitas pelo povo, não pelos líderes, nem pelos partidistas.

E não estamos dizendo isso porque soa bem. É porque já vimos isso na realidade, é porque já sabemos.

-*-

Pode ser que há muito tempo, alguns partidistas de esquerda, antes de terem se tornado institucionais, tentavam criar consciência no povo. Não buscavam o Poder pelas eleições, mas sim mover o povo para que se organizasse, e lutasse, que mudasse o sistema. Não só o governo. Todo, todo o sistema.

Por que falo de partidistas da esquerda institucional? Bem, porque sabemos que há partidos de esquerda que não estão nas tramas de cima, que têm seu modo, mas não se vendem, nem se rendem, nem mudam seu pensamento de que temos que acabar com o sistema capitalista. E porque sabemos, e nós como zapatistas não esquecemos, que a história de luta de baixo também está escrita com seu sangue.

Mas o pagamento é o pagamento, e acima é acima. E os partidistas da esquerda institucional mudaram seu pensamento, e agora buscam o cargo pelo dinheiro. Simples assim: o dinheiro. Ou seja, o pagamento.

Ou vocês acham que criar consciência se faz desprezando, humilhando, reprimindo aos de baixo? Dizendo-lhes que são uns come-tortas que não pensam? Que são uns ignorantes?

Vocês acham que se cria consciência pedindo o voto para as pessoas ao mesmo tempo em que as insultam dizendo que são uns babões que se vendem por uma televisão?

Vocês acham que criam consciência se, quando lhes dizemos «olha tu, partidista de esquerda, esse cabrito ou cabra, que tu dizes que é a esperança, já esteve vestido com outras cores, e na verdade é um rato», respondem que estás vendido ao Peña Nieto?

Vocês acham que criam consciência dizendo mentiras às pessoas, que os zapatistas dizemos que não é para votar; apenas porque estão vendo que talvez não consigam atingir nem para o registro, ou seja, para mais pagamento, e estão simplesmente procurando um pretexto e a quem culpar?

Vocês acham que criam consciência se têm os mesmos que antes eram amarelos, ou vermelhos, ou verdes, ou azuis?

Vocês acham que criam consciência se dizem que os que não têm estudo e que são pobres não devem votar porque são ignorantes que só votam no PRI?

Se o Velasco de Chiapas dá bofetadas com a mão, esses partidistas dão bofetadas com seu racismo mal escondido.

Vejam que esses partidistas, a única consciência que estão criando é a de que, além de orgulhosos, são uns imbecis.

Em que acreditam?

Que depois de receber seus insultos, mentiras e repressões, as pessoas de baixo vão ir correndo ajoelhar-se em frente a sua cor, votar neles e rogar-lhes que lhes salvem?

O que dizemos, como zapatistas: aí está a prova de que para ser político partidista de cima tem que ser babão, ou sem-vergonha, ou criminoso, ou as três coisas.

-*-

Nós zapatistas dizemos que não se deve ter medo de que o povo mande. É o mais são e ajuizado. Porque o próprio povo vai fazer as mudanças que verdadeiramente necessita. E só assim vai existir um novo sistema de governo.

Não é que não entendemos o que significa eleger ou eleição. Nós, @s zapatistas, temos outro calendário e geografia sobre como fazer eleições em território rebelde, com resistência.

Já temos a nossa como povos que na verdade elegem, e não há milhões que são gastos, nem muito menos toneladas de lixo de plásticos, de lonas de fotografias de corruptos e criminosos.

É certo que recém são 20 anos que estamos caminhando na eleição de nossas autoridades autônomas, com democracia verdadeira. Assim temos caminhado, com a Liberdade que conquistamos e com a outra Justiça do povo organizado. Onde se envolvem os milhares de mulheres e homens para escolher. Onde todas e todos chegam a acordos e se organizam para sua vigilância, que cumpram o mandato dos povos. Onde os povos se organizam para ver qual vão ser os trabalhos das autoridades.

Ou seja, como o povo manda no seu governo.

Os povos se organizam em assembleias, onde começam a opinar e daí começa a sair as propostas, e elas são estudadas, suas vantagens e desvantagens, e se analisa qual é a melhor. E antes de decidir, as levam a todos os povos para sua aprovação, e volta à assembleia para a tomada da decisão, segunda a maioria da decisão dos povos.

Essa é a vida zapatista nos povos. Já é uma verdadeira cultura.

Lhes parece muito lento? Por isso dissemos que é segundo nosso calendário.

Lhes parece que é porque somos povos originários? Por isso dissemos que é segundo nossa geografia.

É certo que tivemos muitos erros, muitas falhas. É certo que teremos mais.

Mas são nossas falhas.

Nós as cometemos. Nós as pagamos.

Não como os partidistas, onde os dirigentes cometem a falha e também cobram, e os de baixo são os que pagam.

Por isso, daquilo que vem das eleições no mês de junho, tanto fez, tanto faz.

Nem convocamos para votar, nem convocamos para não votar. Não nos interessa.

E mais: nem nos preocupa.

A nós, @s zapatistas, o que interessa é conhecer mais sobre como resistimos e enfrentamos as muitas cabeças do sistema capitalista que nos explora, nos reprime, nos despreza e nos rouba.

Porque não é só por um lado e de uma forma que o capitalismo oprime. Oprime se é mulher. Oprime se é empregado. Oprime se é operário. Oprime se é camponês. Oprime se é jovem. Oprime se é criança. Oprime se é professor. Oprime se é estudante. Oprime se é artista. Oprime se pensas. Oprime se és humano, ou planta, ou água, ou terra, ou ar, ou animal.

Não importa que tanto o perfumem e lavem: o sistema capitalista «jorra sangue e lama, por todos os poros, da cabeça aos pés» (procurem, por aí, quem escreveu assim e onde).

Então nossa ideia não é promover o voto.

Tampouco é promover a abstenção ou o voto em branco.

Nosso pensamento não é o de dar receitas de como fazer frente ao problema do capitalismo.

Tampouco é o de impor nosso pensamento a outr@s.

O seminário é para ver as várias cabeças do sistema capitalista, para tentar entender se existem novas formas de ele nos atacar, ou são as mesmas formas de antes.

Se nos interessam outros pensamentos, é para ver se é certo o que vemos que vem: uma crise econômica tremenda que vai se juntar com outros males, que vai causar muitos danos a tod@s em tod@s partes, em todo o mundo.

Então, se é certo que está vindo isso, ou que já está, então temos que pensar se nos serve fazer o mesmo que já se fez antes.

Pensamos que temos que nos obrigar a pensar, analisar, refletir, criticar, buscar nosso próprio passo, nosso próprio modo, em nossos lugares e em nossos tempos.

Agora, te pergunto a ti que está lendo isso: vote ou não vote, te causa algum dano pensar em como está o mundo em que vivemos, analisá-lo, entendê-lo? Pensar criticamente te impede de votar ou de te abster? Te ajuda, ou não, a te organizar?

-*-

Completando sobre as eleições:

Somente para que fique bem claro e que vocês não se deixem enganar de que dissemos o que não dissemos.

Nós entendemos que existe quem acredite que pode mudar o sistema votando nas eleições.

Nós dizemos que está cabrón, porque é o mesmo Mandão que organiza as eleições, que diz quem é candidato, que diz como se vota e quando e onde, que diz quem ganha, que anuncia e que diz se foi legal ou não.

Mas bem, tem quem pense que sim. Está bem, nós não dizemos que não, nem tampouco que sim.

Então, votem por uma cor ou por um descolorido, ou não votem, o que nós dizemos é que temos que nos organizar e tomar em nossas mãos quem for governo, e obrigá-lo a obedecer ao povo.

Se você já decidiu que não vai votar, nós não dizemos que está bem, nem dizemos que está mal. Só lhe dizemos que achamos que não é suficiente, que tem que se organizar. E claro, que se prepare, porque vão lhe colocar a culpa das misérias da esquerda partidista institucional.

Se você decidiu que vai votar, e já sabe em quem vai votar, então igual não opinamos se está bem ou mal. O que deixamos claro é que se prepare, porque vai ter muita raiva pelas armadilhas e fraudes que vão lhe fazer. Porque os que estão no poder são experts em armadilhas. Porque já está decidido pelos de cima o que vai acontecer.

Sabemos também que existem líderes que enganam as pessoas. Dizem que só há dois caminhos para mudar o sistema: ou a luta eleitoral, ou a luta armada.

Dizem isso ou porque são ignorantes, ou porque são sem-vergonhas, ou pelas duas coisas.

Em primeiro lugar, eles não estão lutando para mudar o sistema, nem para tomar o Poder, mas sim para ser governo. Não é a mesma coisa. Dizem que quando forem governo, daí vão fazer coisas boas, mas têm o cuidado de deixar claro que não vão mudar o sistema, mas que só vão lhe tirar o que é ruim.

Talvez convenha que estudem um pouco e aprendam que ser governo não é ter o Poder.

Vê-se que tampouco sabem que se tirarem o ruim do capitalismo, já não haverá capitalismo. E vou lhes dizer por que: porque o capitalismo é a exploração do homem pelo homem, de muitos por uns poucos. Ainda que lhe agreguem que também as mulheres, isso não muda. Ainda que lhe agreguem que também otroas, isso não muda. Segue sendo o sistema onde unoas se enriquecem a custa do trabalho de otroas. E são pouc@s @s otroas de cima, e são muit@s @s otroas de baixo. Se esses partidistas dizem que isso é bom e que só tem que cuidar para que não se enrolem, está bem, que assim o digam.

Mas para chegar ao governo não existem só duas vias, como eles dizem (a via armada e a via eleitoral). Se esquecem que o governo também pode ser comprado (ou já se esqueceram de como Peña Nieto chegou ao governo?). E não é só isso, talvez não saibam, mas se pode mandar sem ser governo.

Se essa gente diz que só se pode com armas ou com as eleições, o único que dizem é que não conhecem história, que não estudaram bem, que não têm imaginação, e que são uns sem-vergonhas.

Bastaria que viessem um pouco mais abaixo. Mas já estão com os pescoços torcidos de tanto olhar pra cima.

Por isso nós, @s zapatistas, não nos cansamos de dizer: organizem-se, organizemo-nos, cada quem em seu lugar, lutemos para nos organizarmos, trabalhemos para nos organizarmos, pensemos para começar a nos organizar, e encontremo-nos para unir nossas organizações por um Mundo onde os povos mandam e o governo obedece.

Em resumo, como dissemos antes, como dizemos agora: vote ou não vote, te organiza.

E pois, nós, @s zapatistas, pensamos que temos que ter um bom pensamento para nos organizarmos. Ou seja, necessita-se a teoria, o pensamento crítico.

Com o pensamento crítico, analisamos os modos do inimigo, de quem nos oprime, nos explora, nos reprime, nos despreza, nos rouba.

Mas também com o pensamento crítico vamos vendo como é nosso caminho, quais são nossos passos.

Por isso estamos chamando a toda a Sexta para que façam reuniões de pensamento, de análise, de teoria, de como veem o mundo, sua luta, sua história.

Os chamamos para que façam suas próprias sementeiras, e compartam conosco o que aí semearem.

-*-

Nós, como zapatistas, vamos seguir como já estamos, governando-nos com o povo que manda e o governo que obedece.

Como dizem @s companheir@s zapatistas: Hay lum tujbil vitil ayotik. Quer dizer: está muito bonito como estamos.

Outra: Nunca ya kikitaybajtic bitilon zapatista. Quer dizer: nunca deixaremos de ser zapatistas.

Outra mais: Jatoj kalal yax chamon te yax voon sok viil zapatista. Quer dizer: Até que morra, ainda levo meu nome de zapatista.

Desde as montanhas do sudeste mexicano.

Em nome de todo o EZLN, dos homens, mulheres, crianças e anciãos do Exército Zapatista de Libertação Nacional.

Subcomandante Insurgente Moisés.

México, Abril-Maio del 2015.